Àtòri

Àtòri, árvore que estimula a penitência

atori

Cântico

Oni çiyçilé

Õyê kó agbo

Afofun là awa àtòri ÿe baba

Õyê kó agbo


Senhor do Pombo

Nós nos juntaremos no barracão,

no raiar do dia. Nós, que normalmente

usamos roupa branca e limpa (“filhos”

de Oÿàlá), para fazer àtòri, Pai

Nós nos juntaremos no barracão, no raiar do dia


No culto para Oÿàgiyán está contido o ritual de flagelação com o àtòri, onde se pede para que as injustiças e ingratidões cometidas, durante aquele ano, sejam perdoadas e que estas não mais voltem a acontecer. Àtòri é o nome da árvore que empresta o nome e seus galhos para a confecção das varetas usadas, de maneira simbólica, para realizar a penitência. Os regidos pelo Çjônile sofrem, mas também cometem muita ingratidão, por isto este ôdu se preocupa em ensinar que a ingratidão e toda maldade deve ser sempre castigada: ßìgidi si agidi lépè = Castigo, quando necessário, contra pessoas obstinadas que tem o poder de O outro nome da árvore àtòri é õrë êwõ, que significa brincadeira entre amigos. Esse nome indica o que ocorreu entre Oÿàgiyán e Seu grande amigo Awolejç.

Mito

Oÿàgiyán resolveu conquistar um reino para Si. Pediu ajuda a Seu grande amigo Awolejç – Sacerdote que concorda com firmeza. Juntos, eles conquistaram Çjíbö – Reino d’Aquele que acorda para comer – e Oÿàgiyán passou a ser chamado Èléjíbö – Reino d’Aquele que acorda para comer excessivamente. Na intimidade, entretanto, Ele continuou sendo chamado pelo nome de Oÿàgiyán, “Oÿàlá Comedor de Inhame Pilado”, em virtude da paixão que tinha por esse alimento. Porém, chamá-Lo assim, em público, era uma heresia. Awolejç ajudou Oÿàgiyán a conquistar Seu reino e a torná-lo próspero. Afinal, ele era um babaláwô poderoso, que aconselhou o rei de Çjíbö a fazer as oferendas adequadas, a fim de que Seu reino progredisse. Acontecido o previsto e aconselhado, Awolejç partiu de Çjíbö. Quando a saudade do amigo foi sentida de maneira mais forte, ele retornou para o reino que tinha ajudado a conquistar. No portão de entrada da cidade, o babaláwo procurou por Oÿàgiyán, o “Comedor de Inhame Pilado”. Os soldados eram novatos e, como não conheciam Awolejç, eles ficaram furiosos com a intimidade e a insolência demonstradas. Aquilo era jeito de se referir ao rei?... Awolejç foi preso e maltratado. A ingratidão pesou forte no coração do amigo de Oÿàgiyán, que com seus poderes mágicos vingou-se, deixando o reino experimentar todos os tipos de catástrofes. Oÿàgiyán, após sofrer durante sete longos anos, resolveu procurar os divinadores. Foi assim que o rei de Çjíbö soube da injusta prisão de Awolejç. O rei ficou desesperado e imediatamente foi libertar o amigo. Awolejç foi libertado, mas, ressentido, escondeu-se na mata. O rei suplicou o perdão do velho amigo, que só cedeu com uma condição: nunca aquele povo deveria esquecer-se da ingratidão e injustiça cometidas e para que isso acontecesse tinha que todos os anos fazer um ritual de flagelação. Esse ritual seria realizado com varetas feitas com os galhos da árvore àtòri, quando os súditos, divididos em dois grupos, usariam as varetas para simularem golpes uns nos outros, sem parar, até que elas se quebrassem. Aceita a condição, o reino de Oÿàgiyán se tranquilizou e Ele pode retornar para o Õrun, voltando à Sua condição de oríÿa.

Dados Científicos

Reino Divisão
Classe Ordem
Família Tiliaceae Gênero Glyphaea
Espécie Brevis Nome Científico Glyphaea Brevis